domingo, 18 de julho de 2010

Democracia

Sou democrata na medida em que amo o Sol livre nos homens,
e aristocrata na medida em que detesto as pessoas tacanhas e possessivas.

Gosto do Sol em qualquer homem,
quando o vejo bailar nas sobrancelhas
claro e sem medo, ainda que mínimo.

Mas quando vejo homens cinzentos de êxito,
horrorosos, cadavéricos e totalmente sem Sol,
como escravos bem-sucedidos, obesos rebolando em passos mecânicos,
sou então até mais radical, tenho ganas de usar uma guilhotina.

E quando vejo os operários esquálidos,
pobres e com jeito de inseto,
saltitando e vivendo como piolhos, quase sem grana
e nunca erguendo os olhos,
chego a querer, como Tibério, que a multidão tenha uma só cabeça
para que eu possa decepá-la.

Acho que os homens totalmente sem Sol
nem deveriam, a rigor, existir.

D.H. Lawrence

Um comentário:

  1. Acho que a multidão tem uma só cabeça, que quando é decepada (e sempre é) faz nascer mais uma centena. Só que, ao contrário da besta do apocalipse (que não é tão besta assim), sempre se juntam novamente, à espera da próxima execução.

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